terça-feira, 27 de julho de 2010

Pagu: 100 anos de paixão

Leia a versão escrita da conferência proferida por Cimar Rocha na Reunião Cultural promovida pela ALAM em 27/07/2010.
Veja também fotos do evento.

No dia 8 de Março deste mesmo ano comemorou-se o “Dia Internacional da Mulher” que jamais podemos esquecer.

No dia 9 de Março deste mesmo ano houve a primeira reunião ordinária da Academia, quando eu confirmei diante de outros acadêmicos esta conferência que irei iniciar com muito orgulho e carinho, por ser sobre uma mulher Artista, Escritora, Jornalista e Poeta que viveu momentos importante na cultura nacional, que até então eu pouco conhecia de sua vida, a não ser um filme que assisti sobre o seu passado no meio artístico, com tão pouca referência não me saiu da memória aquela mulher maravilhosa que era a “PAGU” – Patrícia Galvão dos anos 20 e 30 da nossa efervescência política e artística que intitulava “MODERNISTA”

No dia 10 de Março, às 6:10h da manhã, comecei a entrar na vida dessa grande mulher e artista completa que é a Patrícia Galvão. Como artista Plástico que sou, comecei a pesquisar e ampliar meus conhecimentos e meu universo cultural e artístico e poder repassar para vocês que aqui estão presentes. É com muita humildade e a graça de Deus que vou proferir esta conferência.

Agradeço a atenção de todos e o tempo precioso que nós temos o incentivo da Academia e outros colaboradores do evento para sairmos daqui com uma imagem positiva da nossa cultura dentro do País e no exterior. Já que a PAGU atravessou fronteiras com sua garra de mulher guerreira representante da raça Brasileira, nada mais justo do que a Academia de Letras & Artes de Mesquita homenageá-la com uma palestra no dia de hoje.

Nascimento:

Ela nasceu em 09 de Junho de 1910 em São João da Boa Vista (São Paulo), portanto estamos comemorando o centenário de Patrícia Rehder Galvão.

Terceira filha de Adélia Rehder Galvão e Thiers Galvão de França seu pai.

Três anos depois a família muda-se para a grande São Paulo, cidade que passava por transformações econômicas com o surto da expansão das lavouras de café no interior do estado.

Na escola:

É nesta cidade que crescia vertiginosa e desordenadamente que ela chamava a atenção dos rapazes da faculdade de direito. Era uma menina muito bonita que andava sempre extravagantemente maquiada e com um uniforme de normalista, saia azul, blusa branca cabelos soltos, batom amarelo, às vezes roxo, com grande argolas nas orelhas. Os rapazes não resistiam e sempre faziam piadas e ela respondia à altura porque não tinha papas na língua para responder.

Existem histórias malucas a seu respeito deste período: pintava janelas e muros da escola, fugas, blusas transparentes com decotes arrojados, fumava cigarro em plena rua, o que na época era considerado escandaloso.

Início de tudo:

Aos 12 anos de idade a “Escandalosa PAGU” presencia a SEMANA DE ARTE MODERNA de 1922 digamos o inicio do Modernismo, do qual, aos 15 anos, iria participar colaborando no jornal “Brás Jornal” assinando PATSY.

Neste mesmo período freqüenta o conservatório Dramático e Musical de São Paulo onde lecionava Mario de Andrade com sua irmã Sidéria e era conhecida pela família como ZAZÁ

O envolvimento com o grupo antropofágico:

No mesmo ano que completa o curso normal (1928) Patrícia Galvão entra em contato com o grupo Antropofágico. É quando ganha o apelido de PAGU pelo escritor Raul Bopp, por quem é apresentada no Salão da Alameda Barão de Piracicaba, nas reuniões promovidas por Oswaldo de Andrade e Tarsila do Amaral, que logo se simpatizam pela jovem PAGU.

Em 1930 Oswald de Andrade separou-se de Tarsila do Amaral e casou-se com Pagu que estava grávida de seu primeiro filho, Rudá de Andrade, nascido no mesmo ano. Três meses após o parto, Pagu viajou para Buenos Aires, na Argentina, para participar de um festival de poesia. Conheceu Luís Carlos Prestes e voltou entusiasmada com os ideais marxista.

Na volta, filiou-se ao Partido Comunista (PCB), junto com Oswald. Foi o início de um período de intensa militância política. Em março de 1931, o casal fundou o jornal O Homem do Povo, que apoiava “a esquerda revolucionária em prol da realização das reformas necessárias”. Em seus artigos, Pagu criticava as “feministas de elite” e os valores das mulheres paulistas das classes dominantes.

Oswald publicou ataques à Faculdade de Direito do Largo São Francisco, chamando-a de “cancro” que minava o Estado. O tablóide foi empastelado pelos estudantes da faculdade e o Secretário de Segurança do Estado mandou fechá-lo.

No mesmo ano, em 15 de abril de 1931, Pagu foi presa como militante comunista durante uma greve dos estivadores em Santos. Quando foi solta, o PCB a fez assinar um documento em que se declarava uma “agitadora individual, sensacionalista e inexperiente”,

Seu primeiro romance, Parque industrial, foi publicado em 1933, mas Pagu teve de assiná-lo como Mara Lobo: foi uma exigência do Partido Comunista. A obra é uma narrativa urbana sobre a vida das operárias da cidade de São Paulo.

Jornalismo

Correspondente de vários jornais, Pagu visitou os Estados Unidos, o Japão e a China. Entrevistou Sigmund Freud e assistiu à coroação de Pu-Yi, o último imperador chinês. Foi por intermédio dele que Pagu conseguiu sementes de soja, enviadas ao Brasil e introduzidas na economia agrícola brasileira.

A seguir, Pagu foi à União Soviética. Registrou em Verdade e Liberdade sua decepção com o comunismo: “o ideal ruiu, na Rússia, diante da infância miserável das sarjetas, os pés descalços e os olhos agudos de fome”.

Filiou-se ao PC na França, onde também fez cursos na Sorbonne, em Paris. Foi presa como militante comunista estrangeira, em 1935. Ia ser deportada para a Alemanha nazista quando o embaixador brasileiro Souza Dantas conseguiu mandá-la de volta ao Brasil.

Pagu separou-se de Oswald de Andrade e começou a trabalhar no jornal A Platéia. Durante a revolta comunista de 1935, Pagu foi presa e torturada outra vez. Cumpre cinco anos e mais seis meses por se recusar a prestar homenagem a Adhemar de Barros, interventor federal em visita ao presídio. Nesse período, foi perseguida pelos integrantes do PC. Patrícia rompe com o partido ao sair da cadeia, em 1940. Estava muito doente, arrasada e pesava 44 quilos; tentou suicídio ao ser libertada.

No ano seguinte, casada com o jornalista Geraldo Ferraz, teve seu segundo filho, Geraldo Galvão Ferraz. Trabalhou nos jornais cariocas A Manhã, O Jornal, e nos paulistanos A Noite e Diário de São Paulo. Com o pseudônimo de King Shelter escreveu contos de suspense para a revista Detetive, dirigida por Nelson Rodrigues.

Voltou a tentar suicídio em 1949. Nos anos seguintes, foi crítica literária, teatral e de televisão no jornal A Tribuna, de Santos. Nessa cidade, liderou a campanha para a construção do Teatro Municipal, além de fundar a Associação dos Jornalistas Profissionais. Também criou a “União do Teatro Amador de Santos” por onde passariam os então novatos Aracy Balabanian, José Celso Martinez, Sérgio Mamberti e Plínio Marcos.

Pagu voltou a Paris em setembro de 1962, para ser operada de câncer. A cirurgia não teve êxito e ela tentou suicídio novamente. Muito doente, viveu até dezembro. Na véspera de sua morte, um último texto seu é publicado em A Tribuna: o poema “Nothing”.


Mini-exposição em homenagem a Pagu
(Livros e imagens do acervo pessoal de Glaucio Cardoso)


Ana Lydia

Lula do Cavaco

Ana Lúcia (secretária), Alberto (presidente) Jerônimo (tesoureiro)


João Prado

terça-feira, 20 de julho de 2010

ALAM presente nos 113 anos da Academia Brasileira de Letras

A Academia de Letras & Artes de Mesquita (ALAM) esteve presente na cerimônia de comemoração do 113º aniversário de fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL), realizada no dia 20 de julho do corrente ano, no Petit Trianon.
Representando a ALAM, estavam os Acadêmicos Jorge Rocha e Glaucio Cardoso.
Na ocasião, os espectadores puderam ouvir a palavra do Acadêmico José Murilo de Carvalho, que brindou os presentes com uma brilhante exposição sobre a história da ABL, enfocando o delicado momento político no qual o Brasil estava imerso na época da fundação da casa máter das letras brasileiras.
No decurso da cerimônia, houve a entrega dos Prêmios ABL referentes ao ano de 2010, cujos contemplados foram:
  • Prêmio Machado de Assis: Pelo conjunto da obra para o crítico literário, professor, escritor, ensaísta e filósofo paraense Benedito Nunes.
  • Ficção (conto, romance, teatro): Romance "Outra Vida", do escritor carioca Rodrigo Lacerda;
  • Infanto-juvenil: livro “Marginal à esquerda”, da escritora e ilustradora mineira Ângela-Lago;
  • Tradução: “Pequenas traduções de grandes poetas", do pernambucano Milton Lins;
  • Poesia: “A máquina das mãos”, do poeta maranhense Ronaldo Costa Fernandes;
  • História/ciências sociais: “Escravismo em São Paulo e Minas Gerais”, de Francisco Vidal Luna, Iraci Del Nero e Herbert S. Klein;
  • Ensaio e crítica literária: “O controle do imaginário & a afirmação do romance", do professor e crítico literário maranhense Luiz Costa Lima;
  • Cinema: "A erva do rato", de Júlio Bressane e "Hotel Atlântico", de Suzana Amaral.
Ao final da cerimônia, os Acadêmicos da ALAM tiveram a oportunidade de falar ao Presidente da ABL, Sr. Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, a quem entregaram material de divulgação dos eventos e atividades da ALAM. Marcos Vinicios agradeceu-lhes o prestígio dado à festividade da ABL e parabenizou as iniciativas culturais da ALAM.
O Acadêmico Jorge Rocha resaltou ainda a beleza e simplicidade material da cerimônia em constraste com a grandeza intelectual e cultural da mesma.


Representando a ALAM, os Acadêmicos Jorge Rocha e Glaucio Cardoso parabenizam o presidente da ABL, Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça

sábado, 10 de julho de 2010

Patrícia Galvão: Pagu em destaque



A Academia de Letras & Artes de Mesquita vem promovendo desde o início do ano as suas Reuniões Culturais que contam sempre com uma conferência temática seguida de apresentações dos Acadêmicos da ALAM e convidados. Cultura, poesia, música e troca de ideias tem seu lugar garantido toda última terça-feira do mês.
No ano de 2010, as conferências giram em torno de um tema central Slide 1 A MULHER NA LITERATURA BRASILEIRA.
Dia 27 de julho teremos a conferência PAGU: 100 ANOS DE PAIXÃO, homenageando a escritora musa do modernismo cujo centenário celebrou-se em 9 de junho último.
A conferência será proferida pelo acadêmico CIMAR ROCHA (foto ao lado), artista plástico e poeta.
Às 19h, na Sala de Leitura Poeta João Prado (Praça João Luiz do Nascimento, s/nº, Centro de Mesquita).